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18 de Abril de 2024
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    Cresce ação do PCC no exterior, dizem EUA / Governo diz que crime financeiro é combatido / Para promotor, PCC "internacional" é exagero / GAROTINHO /RELATÓRIO ERRA AO FALAR DE EX-GOVERNAD

    Criminosos da facção e do CV agiriam na Bolívia, no Paraguai e, "possivelmente", em Portugal, segundo o governo americano

    Autoridades brasileiras que investigam a ação do PCC no exterior são céticas sobre a presença da organização criminosa em Portugal

    As organizações criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, aumentaram sua presença internacional, atuando em países como Bolívia, Paraguai e, "possivelmente", Portugal. A afirmação é do relatório anual do Departamento de Estado dos EUA que traça um painel da situação das drogas no mundo.

    Segundo o texto, divulgado na sexta, crescem também as ligações do PCC e do CV com traficantes colombianos e mexicanos. A renda da colaboração no exterior os ajudaria a comprar armas e a manter o controle de favelas em cidades como Rio e São Paulo. A conclusão vem a público num momento em que Portugal especula sobre a presença de dois supostos membros do PCC no país e a criação de uma facção local.

    O relatório, que refere-se a 2008, é elaborado por ordem do Congresso dos EUA e foi feito ainda sob o governo do republicano George W. Bush. Autoridades brasileiras que investigam a internacionalização do PCC são céticas sobre a presença dos criminosos em Portugal. O texto cita a imprensa portuguesa sobre o surgimento do que batizaram de "PCP (Primeiro Comando de Portugal)" -seria formado por imigrantes brasileiros e atuaria principalmente na Margem Sul do Tejo, na Grande Lisboa. Os jornais "Diário de Notícias" e "Correio da Manhã" citam fontes policiais para apontar a ligação de dois brasileiros ao "PCP".

    Um seria Edivaldo Rodrigues, preso em 2008, acusado de ter matado um ourives em Setúbal, ao sul de Lisboa. O outro seria o foragido Moisés Teixeira da Silva, que segundo a Polícia Federal brasileira participou do furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza, em 2005. Autoridades portuguesas não comentam a existência do "PCP" nem a ligação dos suspeitos. No relatório da chancelaria norte-americana, Portugal é apontado como o porto de entrada para a Europa da cocaína traficada de países andinos via Brasil e Venezuela, com primeira escala em países do oeste da África.

    O texto diz que a droga produzida na Bolívia entra pelo Brasil via Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e por Guaíra, no Paraná. "A cidade se tornou um dos principais pontos de entrada de armas, munição e drogas do Brasil", afirma o Departamento de Estado, que cita investigação do Congresso brasileiro para dizer que o PCC "conduz abertamente a venda de armas naquela área". O relatório usa tanto dados da inteligência dos EUA quanto dos países citados. Segundo o juiz federal de Campo Grande (MS) Odilon Oliveira, o PCC também faz esconderijos, compra armas e busca drogas no Paraguai.

    "Há muitos [do PCC] atuando no território paraguaio, cumprindo obrigações à facção, como sequestros e homicídios. Outros são encarregados de buscar cocaína na Bolívia." A atuação do PCC na fronteira não se dá apenas por meio de emissários, diz o delegado da PF em Barra do Garças (540 km de Cuiabá), Éder Magalhães. Responsável por investigação que resultou na prisão de 41 pessoas, ele diz que os criminosos compraram ou arrendaram pelo menos 14 fazendas em Mato Grosso e duas em Mato Grosso do Sul, a maioria para receber e distribuir drogas.

    Cenário brasileiro

    Sobre o Brasil em geral, o texto afirma que o país é um dos 20 principais produtores e corredores de drogas do mundo e um dos 60 considerados os maiores lavadores de dinheiro (EUA e Reino Unido incluídos). Afirma ainda que é o segundo maior consumidor de cocaína, atrás apenas dos EUA.

    Apesar de protestos dos governos do Brasil, Argentina e Paraguai, a chancelaria continua acreditando que a região da Tríplice Fronteira é fonte de financiamento para terroristas -os nomes dos grupos radicais Hezbollah e Hamas são mencionados como beneficiados. A Galeria Pagé e a Casa Hamze, em Ciudad del Este, seriam "usadas para gerar ou movimentar fundos terroristas".

    Colaborou RODRIGO VARGAS , da Agência Folha, em Cuiabá

    Governo diz que crime financeiro é combatido

    DA REPORTAGEM LOCAL

    É infundada a noção de que o Brasil é um dos campeões mundiais em lavagem de dinheiro oriundo do tráfico, como diz o relatório do Departamento de Estado dos EUA. A avaliação é do secretário do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Jr.

    "As Nações Unidas dizem que o Brasil é um país modelo no combate à lavagem. Já dei conferência para representantes de 140 países", diz Tuma Jr.

    No último final de semana, segundo ele, o ministério foi convidado para montar um laboratório sobre lavagem na China.

    O ministério tem três órgãos que atuam no combate à lavagem de dinheiro: o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o laboratório de combate à lavagem e o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional).

    O Coaf é a unidade de inteligência do governo que busca indícios de dinheiro ilícito ingressando no mercado ou nos bancos. O laboratório é uma escola sobre lavagem destinada a policiais, promotores e juízes. Já o DRCI cuida da recuperação de valores ilícitos que saíram do Brasil.

    O coração desse sistema é o Coaf. A lei brasileira antilavagem determina que bancos, imobiliárias, agências de venda de veículos e galerias de arte comuniquem ao órgão toda movimentação suspeita.

    O Coaf também analisa as movimentações bancárias em busca de negócios suspeitos. Foi com a ajuda do órgão que o Ministério Público conseguiu identificar contas que o PCC usava para movimentar dinheiro vindo do tráfico, de sequestros e de assaltos a banco. (MCC)

    Para promotor, PCC "internacional" é exagero

    Para José Reinaldo Carneiro, negócios do PCC na Bolívia e no Paraguai não seriam internacionalização "porque na região não há fronteiras"

    Para delegado da PF, se o PCC fosse internacional, a primeira evidência seria o uso de mulas, "e nunca encontramos uma mula do PCC", afirmou ele

    MARIO CESAR CARVALHO DA REPORTAGEM LOCAL

    É exagerada a ideia de que o PCC (Primeiro Comando da Capital) tornou-se uma organização com ramificações internacionais, segundo dois especialistas na organização ouvidos pela Folha -um delegado da PF e um promotor de SP.

    "Se o PCC fosse uma organização internacional, a primeira evidência disso seria o uso de mulas [pessoas pagas para carregar droga para outros países] e nunca encontramos uma mula do PCC", diz o delegado Luiz Roberto Ungaretti Godoy.

    O que ocorreu, segundo ele, é que o PCC já não usa mais intermediários para comprar cocaína e maconha na Bolívia e no Paraguai. "Eles agora compram diretamente do traficante nesses dois países", conta.

    O que ocorreu em Portugal, segundo Godoy, é que um líder do PCC fugiu para aquele país. Mas não há, diz ele, indícios que ele tenha traficado por lá.

    "Sem subestimar o PCC, dizer que o grupo virou internacional é dar a ele uma dimensão que ele não tem. É um evidente exagero" , diz o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro, secretário-executivo dos Gaecos (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em todo o Estado.

    Para ele, incluir Paraguai e Bolívia na suposta internacionalização é um equívoco. "Não dá para chamar os negócios do PCC na Bolívia e no Paraguai de internacionalização porque nessa região não há fronteiras."

    Carneiro diz que, em seus arquivos, há um único caso de tráfico internacional com participação do PCC. A investigação estendeu- se de 2006 a 2007 e resultou na prisão de um integrante da organização.

    O promotor coordenou o grupo que conseguiu, no ano passado, as primeiras condenações de integrantes do PCC por lavagem de dinheiro.

    A Justiça chegou a determinar o congelamento de cerca de 600 contas bancárias da organização. Por elas passaram cerca de R$ 28 milhões -média de R$ 46,7 mil em cada conta. O método era simples: os membros do PCC usavam as mulheres para abrir contas em bancos, nas quais movimentavam só valores abaixo de R$ 1.000.

    GAROTINHO /RELATÓRIO ERRA AO FALAR DE EX-GOVERNADOR

    Resultado da compilação de informações de embaixadas e da CIA, o relatório do Departamento de Estado norte-americano sobre tráfico traz erro sobre a situação brasileira. O documento relata a prisão de um ex-governador do Rio em maio de 2008, acusado de envolvimento em corrupção. No mesmo mês, Anthony Garotinho foi denunciado pelo Ministério Público Federal, mas não preso, como diz o relatório. Garotinho nega as acusações. Procurado, ele não comentou o equívoco até a conclusão desta edição.

    Fonte: Folha de S.Paulo

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