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29 de Abril de 2024
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    Câmara de Londrina gastou quase R$ 220 mil com afastados / Para entender o caso

    Valor foi consumido para pagar salários e encargos de vereadores suspensos dos cargos por suspeita de corrupção

    O prejuízo aos cofres municipais gerado pelo atos de corrupção na Câmara de Londrina na atual legislatura vai além das próprias irregularidades - somente com salários e encargos de vereadores afastados judicialmente, já foram gastos R$ 217 mil.

    Os vereadores Renato Araújo (PP), Flávio Vedoato (PSC) e Osvaldo Bergamin (PMDB) tiveram os afastamentos decretados em abril. De lá para ca , foram nove meses sem cumprir expediente e custaram, cada um, R$ 61.819, aos cofres públicos. Luiz Carlos Tamarozzi (PTB) foi afastado em agosto e acarretou em R$ 31.825 em despesas nos últimos cinco meses do ano. Estes vereadores permanecem afastados dos cargos por força judicial. O ex-vereador Orlando Bonilha (sem partido) renunciou ao mandato em 20 de março - posteriormente teve os direitos políticos cassados pela Câmara.

    A manutenção dos salários dos afastados foi decidida pela própria Justiça. Como não há condenação definitiva, os vencimentos continuaram a ser pagos mesmo sem a prestação de serviços. Com o fim da atual legislatura, os salários deixam de ser pagos este mês.

    O maior escândalo de corrupção da história da Câmara começou com a prisão em flagrante do ex-vereador Henrique Barros (sem partido) em 10 de janeiro, quando deixava um estabelecimento comercial com R$ 9.900. O valor teria sido pago por empresários para facilitar aprovação de projetos de lei. Em depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Barros envolveu Bonilha, Araújo, Vedoato e Bergamin no esquema. No total, o Gaeco e a promotoria de Defesa do Patrimônio Público ajuizaram 17 ações cíveis e criminais contra vereadores este ano.

    O afastamento de Araújo, Vedoato e Bergamin se refere ao mesmo caso que levou Barros à prisão. Já o afastamento de Tamarozzi foi decidido no processo que investiga exigência de propina para aprovação de lei que repassou terreno público às margens do lago Igapó ao empresário Marcelo Caldarelli.

    Durante o escândalo, também tiveram afastamento decretado no caso da suposta cobrança de propina em benefício da boate Shirogohan, mais quatro vereadores: Sidney de Souza (PTB), Jamil Janene (PMDB), Gláudio Renato de Lima (PT) e Pastor Renato Lemes (PRB). A decisão, porém, foi revertida em pouco tempo pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/PR).

    O mergulho definitivo da Câmara em seu pior momento político veio com os depoimentos bombásticos de Bonilha ao Gaeco. Em junho, ele relatou aos promotores mais de 20 casos de corrupção no Legislativo.

    Afastados

    ''Tudo que eu falar será contestado. Se eu disser que tudo bem, vão me chamar de cara de pau. Se eu falar que é tudo mau, vão dizer que concordei.'' Foram estas as primeiras palavras de Renato Araújo quando a FOLHA lhe pediu uma entrevista. Por telefone, ele informou que foi positiva a derrota na disputa pela reeleição em 2008.

    ''Me senti confortado por disputar e não me reeleger. Se não disputo, assino atestado de culpa''. Segundo ele, a vida está mais ''tranquila'' fora da política. Renato Araújo atribuiu o envolvimento de seu nome no escândalo a um ''bandido que se passou por santo'' - em referência a Bonilha. O vereador afastado disse que não disputará mais nenhuma eleição.

    ''Perdi o tesão'', resumiu Tamarozzi ao ser contatado ontem. De acordo com ele, seu nome foi jogado nessa ''vala pela denúncia de um vagabundo''. Tamarozzi disse que o escândalo mudou seu dia a dia. Quando vai às ruas, afirmou que tem a impressão de que ''o pessoal fica olhando, se questionando''. Coordenador de uma entidade que trabalha com recuperação de dependentes químicos, ele disse que seu trabalho também foi prejudicado. Com as denúncias, as empresas colaboradoras se desinteressaram.

    Vedoato foi o único dos afastados ouvidos pela FOLHA que não descartou voltar a disputar eleições. De acordo com ele, o próximo desafio pode ser uma candidatura de deputado. ''As pessoas acharam (nessa eleição) que a gente não merece mais. É a democracia. Mas a memória do povo é muito fraquinha'', afirmou. Vedoato alega que voltou a trabalhar nos negócios de família e também atua com corretagem de imóveis. A reportagem não conseguiu contato com Henrique Barros, Orlando Bonilha e Osvaldo Bergamin.

    Dança das cadeiras

    Sai Entra

    Henrique Barros (ex-PMDB) Antenor Ribeiro (PP)

    Orlando Bonilha (ex-PR) Vera Rubbo (PSB)

    Renato Araújo (PP) Fernando Nicolau (PP)

    Flávio Vedoato (PSC) Rubens Canizares (PHS)

    Osvaldo Bergamin (ex-PMDB) João Dib Abussafi (PPS)

    Luiz Carlos Tamarozzi (PTB) João Scaff (PTB)

    Para entender o caso

    10/01 - Henrique Barros é preso com R$ 9,9 mil em dinheiro.

    16/01 - Barros, Osvaldo Bergamin, Flávio Vedoato, Renato Araújo e Orlando Bonilha são denunciados pelo Gaeco por formação de quadrilha e concussão.

    24/01 - Barros renuncia.

    01/03 - Acuado, Bonilha diz em entrevista que não era a única batata podre da Câmara.

    06/03 - Bonilha é preso pela primeira vez. Câmara instala Comissão Processante.

    07/03 - Justiça afasta quatro vereadores do cargo - Bonilha, Vedoato, Bergamin e Araújo. 08/04 - Em entrevista à FOLHA, empresário Alexandre Guimarães confirma exigência de valores por Henrique Barros. 18/04 - FOLHA divulga investigação do MP sobre irregularidades na venda de tanatopraxia na Acesf. 21/05 - Bonilha é preso pela segunda vez. 31/05 - Bonilha tem direitos políticos cassados por unanimidade pela Câmara de Vereadores.

    03/06 - Bonilha se apresenta à Justiça e dá primeiro depoimento ao Gaeco confirmando quadrilha na Câmara. Relata quase 20 casos de corrupção. 06/06 - Empresários confirmam à Justiça que Barros cobrou propina em troca da aprovação de leis.

    18/06 - Sidney de Souza, Luiz Carlos Tamarozzi e Jamil Janene são afastados do cargo pela Justiça. Diretor da TCGL, Gildalmo de Mendonça, é preso por suspeita de ser mentor intelectual do pagamento de mensalinho a vereadores.

    20/06 - TJ suspende afastamento de Sidney de Souza.

    26/06 - TJ suspende afastamento de Jamil Janene.

    01/07 - Dono da boate Shirogohan confirma pagamento de propina e envolve Sidney.

    11/07 - Justiça afasta sete vereadores por envolvimento no caso Shirogohan - Sidney, Gláudio Renato de Lima, Renato Lemes, Tamarozzi, Renato Araújo, Vedoato e Bergamin.

    13/07 - TJ suspende afastamentos de vereadores.

    22/12 - Câmara arquiva representações contra vereadores citados nos casos Caldarelli, Shirogohan e Mensalinho, por ''falta de provas''.

    Fonte: Folha de Londrina

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