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25 de Abril de 2024
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    Preconceito / Estudante sofre ataque homofóbico/Preconceito / Denúncia é importante

    Agressão contra aluno do curso de Ciências Sociais, provavelmente praticada por grupo skinhead, mobiliza estudantes e entidades sociais. Rapaz terá de passar por cirurgia facial

    Um aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi brutalmente espancado no último dia 23, por volta das 18 horas, na região do Alto da XV. O estudante foi agredido com socos, pontapés e pedradas por um grupo de aproximadamente dez homens de cabelos raspados, vestindo suspensórios e calçando botas - o que indicaria serem skinheads de orientação neonazista. Com duas fraturas no maxilar, o rapaz - que prestou queixa à polícia e fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML) - terá que passar por uma cirurgia facial.

    O caso chocou os estudantes de Ciências Sociais, que estão mobilizando alunos de outros cursos, bem como entidades sociais, para um protesto semana que vem contra a homofobia. Na semana passada, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) puniu um aluno do curso de Engenharia que agrediu física e verbalmente um estudante de Artes Visuais por suposta motivação homofóbica. O agressor, cujo nome não foi divulgado, foi expulso do alojamento estudantil.

    De acordo com movimentos ligados à defesa dos direitos de homossexuais e travestis, casos de agressões relacionados a grupos neonazistas vêm aumentando em Curitiba nos últimos meses. Das 75 agressões registradas pelo Centro de Referência João Antônio Mascarenhas - que presta atendimento social, psicológico e jurídico gratuito a homossexuais e travestis vítimas de violência - nos meses de novembro, dezembro, fevereiro e março (o centro entra em recesso em janeiro), em oito as vítimas tiveram lesões graves. Todas essas agressões mais violentas ocorreram nas ruas, forma usual de os neonazistas abordarem homossexuais e travestis. "E estes casos são apenas a ponta do iceberg, porque por causa do medo, a imensa maioria dos agredidos não registra a violência nem nos grupos de apoio e muito menos na polícia", enfatiza o coordenador do centro de referência, Marcio Marins. Diante de tal quadro, além da manifestação dos estudantes da UFPR, grupos ligados aos direitos humanos também encaminharão na próxima semana uma solicitação ao Ministério Público para que investigue as agressões. Principalmente a ação de grupos neonazistas.

    Histórico de agressões Só em março, aponta a presidente da ONG Grupo Dignidade, Rafaelly Wiest, dois travestis procuraram o centro de referência bastante machucados, com lesões graves nos rostos. Os dois foram agredidos em datas diferentes, mas na mesma região, próximo à Rua Cruz Machado, no Centro - tradicional reduto de travestis. Pelas características dos agressores citadas pelos travestis, tudo indica que ambos também foram vítimas de neonazistas. "Elas apanharam de corrente, soco-inglês e tacos de baseball com pregos na ponta. Em um dos ataques, os agressores jogaram pimenta com amoníaco nos olhos do travesti, que acabou perdendo uma visão" , relata Rafaelly. Após as agressões, os dois travestis foram embora de Curitiba. "Elas ficaram com medo de serem agredidas novamente", ressalta Rafaelly.

    Desde 2005, três casos de violência envolvendo grupos neonazistas foram notificados em Curitiba, todos no Centro da cidade. Em setembro daquele ano, um rapaz homossexual de 19 anos teve o abdome perfurado por uma tesoura ao ser atacado por cinco homens de cabelos raspados quando saía de uma padaria próxima à Rua 24 Horas, no Centro. No mês seguinte, a polícia chegou a prender 12 suspeitos de participarem de grupos neonazistas e a apreender material de cunho racista. Em dezembro de 2007, duas mulheres foram esfaqueadas em uma briga entre grupos neonazistas e punks próximo ao Teatro Guaíra. Em outra briga de skinheads neonazistas e punks na Rua Presidente Faria, em fevereiro do ano passado, um rapaz foi esfaqueado.

    Preconceito / Denúncia é importante

    Marcos Xavier Vicente

    Movimentos de defesa dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e travestis (GBLT) farão no próximo mês uma campanha para conscientizar as vítimas de agressões sobre a importância de denunciar os casos à polícia. De acordo com o presidente do Centro Paranaense de Cidadania (Cepac), Igo Martini, a maioria das ocorrências deixa de ser registrada pelo medo das vítimas. "Além dos skinheads, são constantes os casos de jovens que de dentro de carros em movimento jogam pedras, ovos ou bolas de borracha contra travestis nas ruas, por exemplo", cita Martini.

    Sem denúncias, aponta o presidente do Cepac, não há como cobrar soluções do poder público. "A polícia não tem como investigar os casos se não houver denúncia." Portanto, a orientação é de que primeiro o agredido procure o Centro de Referência João Antônio Mascarenhas, de apoio a homossexuais e travestis vítimas de violência e discriminação, que vai indicar um advogado para acompanhá-lo à delegacia. O promotor de Justiça Marcos Fowler, coordenador do Centro Operacional das Promotorias de Direitos Constitucionais do Ministério Público, ressalta que sem as denúncias não há como planejar uma ação coordenada de segurança para este público. "Inclusive por causa desta falta de denúncia muitos agressores são reincidentes, pois se sentem impunes", aponta o promotor.

    Serviço Homossexuais e travestis vítimas de agressões e discriminações podem procurar o Centro de Referência João Antônio Mascarenhas, que presta assessoria social, jurídica e psicológica gratuita. O telefone é (41) 3222-3999, ramal 23. Ou na Avenida Marechal Floriano Peixoto, 366, conjunto 43, Centro de Curitiba. As denúncias são sigilosas.

    Como evitar

    Uma cartilha do Grupo Dignidade dá orientações aos gays, lésbicas, bissexuais e travestis (GBLT) de como evitar ataques e como reagir a eles. Leia abaixo:

    * Evite ficar sozinho em locais onde homossexuais e travestis são atacados com frequência.

    * Sempre saia em grupo de bares e boates GBLT. Se sair sozinho, pegue um táxi ou entre no ônibus o mais rápido possível.

    * Se você achar que está sendo perseguido, corra. Nunca subestime esta ameaça, por mais que ela realmente não exista.

    * Se perceber que alguém está seguindo você, afaste-se o máximo possível desta pessoa. Ande no meio da rua, onde será visto por outros pedestres, ou entre em um lugar movimentado.

    * Se alguém o insultar, não responda.

    * Se for atacado, grite. O grito não só chama a atenção de outras pessoas, como pode impedir a agressão.

    * Se você cair durante o ataque, proteja a cabeça entre os braços e as pernas e tente se levantar o mais rápido possível. Fonte: Gazeta do Povo

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